sábado, 22 de dezembro de 2012

Review 1 dos livros que li em 2012 - Outliers (Malcolm Gladwell)

    Decidi esse ano fazer uma retrospectiva diferente (não que talvez eu não faça as tradicionais também!) e falar um pouco dos livros que li esse ano (que infelizmente não foram muitos).

  Adianto que não é por ordem de qualidade, e sim por ordem cronológica.



  O primeiro livro que terminei de ler este ano (porque comecei alguns outros, mas não terminei devido à falta de qualidade) foi talvez aquela que seja a obra prima do escritor Malcolm Gladwell, Outliers - Foras de Série. Autor este que já escreveu vários outros livros de teor sócio-econômico muito interessantes. Mas esse, em minha opinião e de vários outros, provavelmente é o que ele tem de melhor.

   O livro se baseia principalmente em estudar, a fundo e com metodologia científica, algumas características comuns de grandes destaques em diferentes campos, como a música (Mozart), física (Rutherford), informática (Bill Gates), esportes (corredores jamaicanos), entre vários outros.

   Uma das coisas mais interessantes é que várias descobertas fogem totalmente do nosso senso comum do que "faz alguém se destar muito", já que algumas vezes exageramos o papel do talento precoce ou sorte e esquecemos de algumas singularidades que significam muito.

  No Capítulo 1 é citado, por exemplo, o fato que a esmagadora maioria dos jogadores de Hockey da liga americana profissional são nascidos nos primeiros 3 meses do ano do que nos outros 9, num ratio de quase 5 vezes mais quando comparados mês a mês! E a explicação disso que é o mais interessante (embora esteja longe de ser complexa, pelo contrário): O Corte de idade que diferencia os mirims dos infantis e os infantis dos juniores é na virada do ano. 
   E quando você tem apenas 5 ou 6 anos de idade, que é quando se formam as categorias de base do Hockey, uma criança de 5 anos nascido em janeiro está muito mais desenvolvida do que uma nascida em novembro. Logo, mesmo essa criança de novembro sendo MUITO talentosa, ela tem grandes chances de não evoluir e ficar pelo meio do caminho por ter uma desvantagem muito grande no desenvolvimento físico. E isso vai refletir diretamente na liga PROFISSIONAL de Hockey dos EUA, a NHL, que tem em Janeiro, Fevereiro e Março os meses mais frequentes de aniversário de seus jogadores.

   O Capítulo II fala sobre um fator que muitos desconsideram quando imaginam aquele talento nato, que é a quantidade de horas praticando determinada tarefa até chegar à excelência. Muito se fala que Mozart compunha desde criança, mas pouco se fala que a qualidade destas composições eram medíocres. e que ele compôs suas grandes obras após quase 20 anos de composições medianas ou apenas boas. O mesmo vale para Bill Gates, que embora tenha criado o DOS muito cedo, começou a programas (bem) mais cedo do que isso. Em geral, são cerca de 10 mil horas de prática (e o autor abre o cálculo dessas 10 mil horas para cada caso que cita) que levam à excelência. Eu não sou muito fã de regras rígidas, mas esta exposta por Gladwell me pareceu muito bem justificada em seu livro.

  Em outros capítulos, como o 5, ele explica porquê não é uma simples coincidência que grande parte dos grandes advogados de causas contenciosas-financeiras em Nova Iorque sejam judeus ou de ascendência judaica. Isso tem ligação diretamente com alguns fatores, como a criação proporcionada por seus pais, migrantes pobres que se aventuraram no setor têxtil na baixa Manhattan,  ou o fato de eles terem se iniciado, se especializado e investido num ramo que na época era pouco nobre mas que por capricho do destino ganhou enorme importância com a evolução econômica americana.

   Por fim, o epílogo do livro trata dos corredores jamaicanos, e explica, com dados de outros estudos, que muito mais do que uma genética privilegiada, existem outras questões que levam um país tão pequeno como a Jamaica a formar tantos corredores de alto nível. 

    Não só o epílogo como todo o livro é um must-read  para quem deseja uma leitura interessante, leve e com afirmações muito me embasadas que podem ser bastante surpreendentes sobre o que leva os grandes à serem enormes.


domingo, 25 de novembro de 2012

O que dois rankings diferentes mostram sobre a nova dinâmica global.


       A seção da ONU responsável pelas políticas do orgão com programas de urbanismo e habitação (UN – Habitat) produz um relatório chamado State of the World`s Cities, que pode ser encontrado neste link e tem várias informações interessantes para quem gosta do assunto: http://www.unhabitat.org/pmss/listItemDetails.aspx?publicationID=3387

        Deste relatório é possível extrair 2 rankings sobre o crescimento das cidades no mundo: o das cidades que mais crescem e o das cidades que mais diminuem. E é com base nestes dois que neste post farei um breve paralelo deles com a nova dinâmica econômica mundial.

As tabela da esquerda mostra a lista das cidades que mais cresceram entre o ano de 1990 e 2010. A da direita, as que mais diminuiram neste mesmo período. Interessante, mais do que ver os números em absoluto, é observar os países destas cidades.

            Na lista das 15 que mais cresceram, o placar é:
            11 ficam na China
            4 em diferentes países do continente africano (Ruanda, Nigéria, etc).
          Vale mencionar também que, embora não tenha aparecido entre as 15 cidades, Angola tem 2 cidades (Huambo e Luanda) que estão no ranking expandido, das 30 que mais cresceram.

  
            Já na outra lista, das 15 que mais decresceram, o resultado é:
            5 estão na Ucrânia
            5 na Rússia
            2 na Coréia do Sul
            1 na Geórgia
            1 na Libéria (Continente Africano)
            1 na Hungria.
            Se formos considerar as 30 que mais diminuiram, a Itália também da as caras com 3 cidades (17ª – Turim, 25ª – Milão e 27ª – Roma).


            O que podemos entender destes rankings?

            Na minha opinião, o ranking das que mais cresceram, possui uma grande obviedade, que é o grande número de cidades chinesas. Embora a população daquele país já não cresça em um rítmo elevado, o país passa por um enorme êxodo rural, com massas de população abandonando o campo e migrando para as cidades. Até ai nenhuma surpresa.

Nenhuma surpresa também na presença das cidades africanas completando o ranking. Lá, o alto índice de natalidade faz com que as cidades tenham um grande crescimento orgânico (fora o êxodo rural que também ocorre lá).

Agora, sobre o ranking das que mais diminuiram, dá para falar um pouco mais. Das 15 presentes no ranking, 11 ficam na região da antiga União Soviética (Ucrânia, Rússia e Geórgia) e mais uma que ficava na zona de influência da mesma (Hungria). Os países daquela região de 1990 para cá passaram por grandes ondas de emigração de sua população após a abertura de suas fronteiras com a queda do comunismo. Muita gente abandonou essas cidades e o continua fazendo (mesmo com os altos índices de crescimento econômico da Rússia e leste europeu recentemente).

Já a presença das cidades Coreanas e Italianas provavelmente é devido à baixas taxas de natalidade, embora talvez em um futuro onde a economia italiana não se re-estabeleça, podem ocorrer fluxos migratórios para fora desta também. Mas isso são somente conjecturas.

domingo, 18 de novembro de 2012

Perguntas que o Google já utilizou para selecionar colaboradores.

           Muitos já sabem a importância que o Google dá para a capacidade de raciocínicio e velocidade de pensamento na hora de selecionar alguns dos jovens brilhantes que trabalham na empresa. O Grande peso que colocam na avaliação do desempenho acadêmico dos candidatos à empresa de Mountain View, Califórnia, já diz muito dessa preferência, eliminando pessoas que tiveram desempenho apenas satisfatório durante a faculdade.

            Porém o que a Business Insider revelou recentemente é algumas das perguntas que faziam neurônios fritarem durante os tensos processos seletivos. Algumas parecem aqueles testes de brincadeira que se acham na internet.

            No entanto eu, particularmente, acredito que muitas destas realmente são ótimas para se testar a capacidade de montar rapidamente uma linha de raciocínio coerente e com método justificável. Lembrando que as pessoas tinham alguns minutos para responder cada uma e justificar a resposta.

            1 – Quantas bolas de golfe cabem em um ônibus escolar? Vaga: Gerente de produtos.
           
            2 – Quanto você deveria cobrar para lavar todas as janelas de Seattle? Vaga: Gerente de produtos

            3 – Em um país onde pais querem ter apenas filhos meninos, e cada familia continua a ter filhos até que nasça um (parando quando nasce um garoto), qual é a proporção de meninos e meninas? Vaga: Gerente de produtos.

            4 – Desenhe um plano de evacuação para São Francisco. Vaga: Gerente de produtos.

            5 – Por quê as tampas de bueiro são redondas? Vaga: Engenheiro de Software

            6 – Quantas vezes por dia os ponteiros de um relógio se sobrepoem? Vaga: Gerente de produtos.

            7 -  Um homem empurrou seu carro para um hotel e perdeu sua fortuna. O que aconteceu? Vaga: Engenheiro de software.

            8 -  Você precisa verificar que seu amigo, Bob, tem seu numero de telefone correto, mas você não pode pergunta-lo diretamente. Você precisa escrever a pergunta em um cartão que será entregue a Eva, que vai levar o cartão para Bob e devolverá para você. O que você precisa escrever no cartão antes da pergunta para garantir que Bob codifique a mensagem de modo que Eva não consiga ler o número?
Vaga: Engenheiro de software.

            9 – Você é o capitão de um navio pirata, e sua tripulação começa a votar em como o ouro será dividido. Se menos da metade dos piratas concordar com sua proposta, você morre. Qual sugestão de dividir o ouro você proporia que garantisse sua vida e ao mesmo tempo uma boa parte da divisão?
Vaga: Engenheiro de software.

          10 -  Você tem 10 bolas do mesmo tamanho, e 7 delas pesam a mesma coisa, enquanto uma pesa um pouco mais. Como você descobriria a bola mais pesada usando apenas uma balança e duas pesagens?
Vaga: Gerente de produtos.

         11 – Explique o que é um banco de dados para seu sobrinho de 8 anos usando 3 frases. Vaga: Gerente de produtos.

         12 – Você foi encolhido para o tamanho de uma moeda, e sua massa também para que pudesse ser mantida a densidade original. Você é colocado dentro de um liquidificador vazio e as lâminas começarão a se mover em 60 segundos. O Que você faz?
Vaga: Gerente de produtos


E as respostas?  Só ver no site da Business Insider: http://www.businessinsider.com/answers-to-google-interview-questions-2012-11
           
            

sábado, 27 de outubro de 2012

O Jovem Brasileiro é empreendedor, gosta de desafios, blá blá blá

 

     A Cia de Talentos recentemente divulgou uma pesquisa sobre quais as empresas onde os jovens brasileiros mais sonham em trabalhar. Tal pesquisa é uma reprodução nacional de algo já feito em vários outros países do mundo. A revista Forbes, por exemplo, fez essa pesquisa até separada por área de formação dos jovens, e os resultados você pode ver abaixo.

Entre os estudantes da área de negócios, as empresas preferidas nos EUA foram:

No. 1 Google
No. 2 Apple
No. 3 Walt Disney Company
No. 4 Ernst & Young
No. 5 Deloitte

Já entre os estudantes da área de engenharia, as favoritas foram:
No. 1 NASA
No. 2 Boeing
No. 3 Lockheed Martin Corporation
No. 4 Google
No. 5 General Electric

Já o pessoal da TI preferiu as 5 abaixo:
No. 1. Google
No. 2 Microsoft
No. 3 Apple
No. 4 Facebook
No. 5 IBM

Por fim, os universitários da área de artes fizeram o seguinte ranking:
No. 1 Walt Disney Company
No. 2 United Nations
No. 3 Teach For America
No. 4 Google
No. 5 U.S. Department of State
      Perceberam uma constante? O Google é a unica empresa que aparece em todos os rankings (de fato, nenhuma outra aparece sequer em mais que 2 áreas diferentes). No Ranking geral, a empresa californiana ganha disparado.
     Como eu havia dito no começo da postagem, essa mesma pesquisa foi feita no Brasil, pais que sempre foi dito ser cheio de jovens empreendedores, dispostos à grandes desafios e que tomam iniciativa. Algo muito, mas muito semelhante aos valores do Google, correto? Logo, dá para chutar qual empresa ganhou disparado por aqui?

PETROBRÁS

Pois é, parece que todos esses títulos que costumam dar para o jovem brasileiro caem por terra quando deparam com uma estatal antiga, onde ao invés de grandes desafios e expectativa de crescimento acelerado, os principais benefícios são a estabilidade e uma vida mais tranquila né?
   Tirem suas próprias conclusões sobre o tal "arrojo" do jovem brasileiro...


sábado, 13 de outubro de 2012

As 50 cidades mais perigosas do mundo.

    Esta semana vi na Business Insider um Ranking das 50 cidades mais violentas do mundo (Com base no índice de homicidios por 100 mil habitantes). Claro que houveram algumas obviedades (como a montanha de cidades brasileiras e mexicanas), porém alguns fatos bem surpreendentes.

   Aqui vão os 5 fatos que mais me chamaram atenção (não necessariamente nessa ordem):

  1 - Não é de surpreender ninguém que os países com mais cidades no Ranking sejam Brasil (14 cidades) e México (13 cidades). Porém a terceira posição (junto com a também esperada Colômbia) é dos.... Estados Unidos.  Existem 5 cidades americanas no Ranking: Baltimore, Saint Louis, Detroit, San Juan e New Orleans. A Taxa de homícidios desta última, por exemplo, é QUASE 6 VEZES maior que a de São Paulo (57,88 contra 10,01).

  2 - A Única cidade asiática (De fato, a unica cidade fora da América e África no Ranking) é a Iraquiana Mosul. E Mosul (que repito, fica no Iraque) é mais segura que a moderna e desenvolvida Curitiba (35,33 X 38,09 homícidios por 100 mil hab).  Aliás, a capital paranaense é a 39a cidade mais perigosa da Terra. Não há nenhuma outra cidade do Oriente Médio no Ranking.

  3 - O Rio de Janeiro - que não está entre as 50 - e Ciudad Juarez (México, Vice-lider do Ranking) tiveram ambos aproximadamente 2 mil homicidios em 2011. A Diferença é que o Rio é quase 5 vezes maior, o que torna sua taxa de homicidios proporcional (24,4) muito menor que a da cidade mexicana (147,77!!!)

 4 - A Taxa de Homicidios da pacata e agrícola cidade de St. Louis, nos EUA (35,39) é maior que a da Colômbia (33,4). Aliás, parece que violência é algo endêmico no nosso continente. Das 50 cidades, 4 ficam no continente Africano, 1 na Ásia e todas as outras 45 ficam na América.

 5 - Maceió, com 1,1 milhão de habitantes e a cidade mais violenta do Brasil e terceira do mundo, teve 1564 homicidios em 2011. A Alemanha (81 milhões de habitantes, ou 73 Maceiós), teve menos da metade desse número de assassinatos. Salvador (2,6 milhões de habitantes) tem metade do tamanho da cidade de Singapura (5,2 milhões de habitantes), mas o que Singapura teve de homicidios em 2011, Salvador tem em.... 2 DIAS!


E Você ainda acha São Paulo e Rio tão violentas né?

sábado, 6 de outubro de 2012

Alguns fatos curiosos do Allianz Global Wealth Report - Parte 2

    (Antes de tudo, desculpem a falta de acentos nesse post, estou digitando em um teclado um pouco complicado para isto)

    Retomando o assunto do Allianz Global Wealth Report, na ultima postagem eu abordei as diferenças entre o volume de patrimonio financeiro acumulado pelos cidadaos de diferentes paises, onde vimos algumas curiosidades, como o fato do Brasileiro ate ter um patrimonio consideravel, mas quando descontadas as dividas, esse valor se torna relativamente baixo (o que vai contra o mito de que o brasileiro ainda e pouco endividado).

   Hoje gostaria de mostrar alguns outros dados desse mesmo report da Allianz, principalmente em uma outra esfera que ele aborda: EM QUE aplicam o patrimonio financeiro acumulado os cidadoes dos 70 paises que fazem parte do levantamento?

   O Levantamento leva em conta 4 tipos de aplicacoes possiveis para o patrimonio financeiro:
   Bank depositis: Depositos em conta corrente, poupanca ou afins em instituicoes bancarias
   Securities: Ativos mobiliarios, tanto titulos de divida publica e privada, como acoes e etc.
   Insurance: Seguros e planos de previdencia.
   Other: Outras coisas que nao se encaixam em nenhum dos 3 acima.

   Quando observamos como os investimentos se distribuem na America Latina dentro dessas 4 categorias, e incrivel como tudo esta diretamente associado as particularidades politicas de cada pais. Na Argentina, pais onde nos ultimos anos os governos Kirchner moeram o mercado de capitais apos seguidas intervencoes e punicoes contras as grandes empresas privadas, apenas 11% da populacao investe em securities (que inclui acoes e titulos de divida privada, ambos prejudicados pelas intervencoes do governo). Esse e o menor percentual de TODA a America Latina. 

    Ja no Mexico, onde existe um mercado de capitais bastante desenvolvido quando comparado ao resto da regiao, 70% do patrimonio financeiro das pessoas e aplicada nestas mesmas securities. O Chile e outro pais da regiao que tem uma particularidade quando observamos essa distribuicao. Quase 60% do que as pessoas economizam esta em seguros e previdencia. Isso se explica pelo fato de que naquele pais nao existe previdencia publica (o que se provou uma medida bastante correta de governos anteriores, diga-se de passagem), logo exisite uma ampla oferta de planos de previdencia privada para a populacao investir.

    Nos Estados Unidos, a distribuicao nao apresenta grandes surpresas: 16% do dinheiro esta em depositos bancarios, 53% em securities e 29% em seguros e previdencia. 

   Na Grecia, a grave crise que afeta a seguranca de todo o sistema financeiro fez com que os depositos bancarios caissem mais de 25% nos ultimos 3 anos. O mesmo, no entanto, nao se observou nos outros paises problematicos da zona do Euro (Espanha, Italia, Portugal e Irlanda).

  Na Asia, de maneira geral, os depositos em bancos permanecem como a principal aplicacao. No entanto e possivel observar algumas excecoes. Em Israel, a grande maioria dos recursos vai para as securities (Talvez por isso o indice da bolsa de valores de Tel Aviv, o TA-25, seja um indicativo tao bom da saude financeira do pais). Na Malasia, seguros e previdencia privada sao um destino importante do dinheiro economizado pela populacao.

   O relatorio, fora apresentar como os investimentos se distribuem por pais, tambem faz o mesmo por tamanho de patrimonio (separando as pessoas do mundo todo em 3 grupos: as de baixo patrimonio (LWC), medio (MWC) e grande patrimonio (HWC). Enquanto as de baixo patrimonio mantem 63% de suas economias em depositos bancarios, 19% em securities e 14% em seguros e previdencia, as HWC tem apenas 28% em depositos, mas possuem 37% de seus investimentos em securities e 32% em insurance. Ou seja: Quanto mais rico, maior a tendencia a manter menos dinheiro no banco e diversificar mais seus investimentos.


  Mas... E no Brasil? No Brasil apenas 20% das economias se encontram em depositos bancarios, 43% em securities e 27% em seguros e previdencia. Vale salientar que uma parte consideravel desses 43% sao em titulos de divida e renda fixa, ja que nossas Bolsas de Valores ainda nao possuem um valor tao consideravel aplicado.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Alguns fatos curiosos do Allianz Global Wealth Report

   Todos anos, a seguradora alemã Allianz divulga seu relatório global com uma pesquisa bastante completa sobre quanto, em média, o cidadão de cada pais tem economizado em ativos financeiros e o quanto ele tem de dívidas, calculando assim o patrimônio financeiro de cada um. Ou seja, à grosso modo, a pesquisa divulga em quais países no mundo estão as pessoas que mais economizam, as que mais se endividam e as que mais gastam!

   E dessa pesquisa é possível tirar vários dados interessantes. Claro que existem algumas obviedades, como o fato de que os 3 países onde, em média as pessoas tem mais dinheiro guardado são Suíca (138.062 Euros per capita), Japão (93.087 Euros per capita) e EUA (90.417), ou que os que estão na parte mais baixa do ranking, que conta com 70 países, são a India (643 Euros per capita), Cazaquistão e Indonésia (com 539 e 467 Euros por pessoa de patrimônio financeiro respectivamente).

  Algumas curiosidades que cheguei:

    Os brasileiros até tem um patrimônio bruto financeiro considerável (6545 euros per capita), o que o coloca na categoria de cidadão de média riqueza, porém ele também tem um passivo financeiro considerável (galera anda se endividando rápido pelo jeito), já que seu líquido financeiro é de apenas 2981 euros per capita.
   No entanto, ainda assim estamos muito acima dos hermanos argentinos, que possuem um patrimônio liquido financeiro de apenas 1167 dólares. Em partes isto deve ser explicado pelo fato que a pesquisa considera apenas aplicações financeiras, e é de se imaginar que muitos argentinos, dada a altíssima inflação e taxação do país, preferem deixar seu dinheiro em ativos como imóveis ou até mesmo debaixo do colchão!

  Se for ponderar pela renda per capita, os israelenses estão entre os que mais economizam no mundo (espaço para piadas totalmente oportunas), pois eles possuem, em média, quase 27 meses de salário aplicados no banco, em ações e afins!

  Enquanto isso, os neo-zelandeses parecem não gostar muito de economizar, já que eles tem menos de 2 meses de salário reservados para uma eventual emergência (mesmo tendo uma renda 3 vezes maior que a brasileira, eles possuem menos dinheiro que nós!). Mas claro, economizar em um lugar com tantas belezas naturais, praias paradisíacas e coisas divertidas deve mesmo ser difícil. Bastante compreensível, colegas Kiwis.

   Os países do BRIC estiveram entre aqueles onde o patrimônio financeiro da população mais subiu. No Brasil, 12,7% de alta no último ano. Rússia, India e China tiveram crescimentos de 17,9%, 18,1% e 7% respectivamente. Em contraste, o patrimônio dos espanhóis caiu 3,5%, o dos portugueses diminuiu 3,3% e o  dos italianos variou -3,1%. Pelo jeito, logo logo algumas da mansões em Ibiza ou na riviera italiana serão de cidadãos de países emergentes.

  O Relatório é realmente sensacional. Existe até um levantamento sobre EM QUÊ os cidadãos desses paises aplicam seu dinheiro. Mas isso fica para a próxima postagem. Aguardem!

sábado, 15 de setembro de 2012

O Extremismo Muçulmano e sua política do medo

   Variando um pouco o tema das minhas postagens no blog, eu não consigo me segurar para postar sobre um dos temas preponderantes nesta semana, que foram os protestos generalizados no mundo árabe motivados em sua grande parte por um vídeo feito por um cineasta americano que utiliza o pseudônimo de Sam Bacile. O Vídeo, intitulado "A Inocência dos muçulmanos", tem cerca de 14 minutos e faz uma sátira um tanto desrespeitosa à Maomé.

 Ou seja: Ok, desrespeitaram o profeta máximo da religião islâmica e isso sem dúvidas é lamentável, e o mesmo vale se fosse para outras religiões. Porém o que se sucedeu no mundo após à divulgação deste vídeo no Youtube não encontra justificativa nenhuma dentro da razão humana. É algo completamente inconcebível. Em quatro dias de protestos (contanto até hoje), já morreram sete pessoas em quatro países diferentes. Entre outros, foram assassinados diplomatas na Líbia, inclusive o embaixador americano. A Embaixada da Alemanha (O que os alemães tem a ver com tudo isso??) no Sudão foi invadida e parcialmente destruída. E essa escalada de violência ainda não dá sinais de diminuir.

  Já não é a primeira vez que algo do tipo acontece. Em 2005, após alguns desenhos de Maomé terem sido divulgados por um jornal dinamarquês (e dessa vez o desrespeito não foi tão latente, porém pela lei islâmica é proibido retratar o profeta de qualquer forma, mesmo em desenhos), uma série de protestos explodiram no mundo árabe, resultando em ataques às embaixadas da Dinamarca, Noruega e Áustria em países como o Irã. Um padre católico italiano, morador na Turquia, foi assassinado também por este motivo, sendo que, tal qual o embaixador americano, ele não participou de nada que causou a polêmica.

 Temos, em ambos os casos, vários fatores em comum. Países que proporcionam uma boa liberdade de expressão aos seus cidadãos (como os países desenvolvidos ocidentais) sendo punidos por permitirem esta liberdade. Os que os punem, os extremistas islâmicos, também adotaram posturas bastante semelhante tanto em 2005 como em 2012.  Ataque à embaixadas de vários países, ameaças de morte, incêndios, e assassinatos de pessoas que não tinham ligação ALGUMA com os ocorridos, somente porque elas tinham nascido em determinados países.

   Até quando essa política agressiva e intimidadora de alguns grupos islâmicos (não todos, obviamente) irá continuar afetando a liberdade e impondo o medo à cidadãos que vivem do outro lado do mundo?

domingo, 9 de setembro de 2012

Os baixos salários dos nossos servidores públicos em greve.

   Recentemente, o Brasil passou por uma onda de greves (de facto, várias ainda estão acontecendo) do funcionalismo público. Uma parte considerável deles pleiteia reajustes acima da inflação.

   A Tabela abaixo, publicada pela revista Exame, mostra essas categorias e seus respectivos salários atuais e corrigidos, bem como algumas outras reinvidicações.


Salário Inicial Hoje Salário Final HojeReajusteQuanto ganharia 
Delegados da Polícia Federal13,3 mil19,6 mil30%17,3 a 25,6 milAprovação pelo Congresso de projeto de indenização para quem trabalha nas fronteiras
Auditores da Receita Federal13,6 mil19,4 mil30,19%17,6 a 25,2 milRecomposição dos quadros e adicional para zonas de fronteira
Analista do Banco Central12,9 mil18,4 mil23%15,9 a 22,7 milRegulamentação de negociação de forma permanente, como prevê a OIT
Especialista de Agência Reguladora10 mil15,8 mil*25%12,5 a 19,8 milCriação de carreira única unindo especialista e analista e equiparação entre servidores da área administrativa e de regulação
Diplomatas12,9 mil18,4 mil**30%16,8 a 24 milEquiparação salarial com auditores da Receita



Oras, se querem um reajuste acima da inflação, logo querem que uma parte maior do erário público destinados à seus humildes salários, o que se espera é que tenham algum mérito para este né?

Vejamos... no caso dos delegados da polícia federal, qual reduzido foi o crime organizado no país? E para os nossos especialistas de agências reguladoras, qual o merecimento dado o atual nível de (des)serviço de agências como ANTT, ANEEL ou ANAC?

Não estou dizendo que todos fazem um péssimo trabalho, longe disso. Mas ao aumentar o salário de um servidor público, na prática, reduzimos o salário de quem NÃO é um servidor público. E para que isto ocorra sem ser uma GRANDE E NOJENTA injustiça, o MÍNIMO que se espera é que tal pedido seja embasado em uma dose imensa de mérito dos que o pedem.

Alguem ai acha que é o caso?

Mas claro, no Brasil, onde já trabalhamos de Janeiro a Maio DE GRAÇA só para pagar os pequenos salários dos nossos servidos públicos, faz muito sentido eles ganharem ainda mais, certo?

Assim como fazia sentido Luis XIV aumentar os impostos para aumentar o luxo de sua corte. Até que um dia perdeu a cabeça. Literalmente.

PS: Dêem uma olhada nesse vídeo, sobre o tema da postagem: http://www.youtube.com/watch?v=BO45U0MxZ1g&feature=share

domingo, 2 de setembro de 2012

Governador do Texas pede para as pessoas rezarem contra a seca..

Há um local dos EUA onde:

- Boa parte da população acredita que o aquecimento global não existe, e foi criado pela esquerda mundial e que Deus jamais permitiria que isto acontecesse com nós.
- Carro considerado "pequeno" é caminhonete Ford F-150.
- A Indústria Petrolífera encontra seus maiores apoiadores, sejam políticos, seja a própria população.
- Fontes de Energias renováveis e redução do gasto energético recebem muito menos atenção do que os Rodeios...

(Adivinharam de que lugar eu estou falando? Sim, o TEXAS!)

  É pitoresco que este mesmo local esteja no noticiário corriqueiramente nos últimos meses por atravessarem a maior seca dos últimos 50 anos, seca esta que destruiu inúmeras plantações de soja, milho e afins, e fez os preços dispararem e o estado ter alguns bilhões de prejuízo.

   Uma das grandes causas desta seca (embora não a única), foi o pouco volume de neve no inverno texano, que deveria derreter na primavera, umidecer o solo e assim aumentar a evaporação e as chuvas. Mas a neve não veio, porque fez muito calor e nada disso aconteceu.

  Então, qual foi a GRANDE mudança de comportamento estimulada pelo governador do Texas depois de tudo isto?
 - Estimular o transporte público?
 - Investir em energias renováveis?
 - Conscientizar as gerações futuras sobre as mudanças climáticas e que um gigantesco Cadillac Escalade que faz 3 km/l não ajuda muito a evitar tudo isso?

  Resposta: Nenhuma delas! A Genial soluçao do governador Rick Perry foi outra!
http://www.msnbc.msn.com/id/42705038/ns/weather/t/texas-governor-urges-rain-prayers-wildfire-battles-continue/#.UEQvfrKPWk0

  E se existe aquele estereótipo do americano do meio-oeste cabeça-oca, boa parte disso deve ser por causa dos texanos que votaram nesse cara...

domingo, 26 de agosto de 2012

Eike Batista? ou "Como o jovem brasileiro revelou um pouco mais da sua índole duvidosa".

     O Jovem brasileiro, essa figura pitoresca. Ao mesmo tempo em que reclama da corrupção dos nossos líderes políticos, elege, em pesquisa recém-divulgada pela cia de talentos, Eike Batista como o líder mais admirado do país.

    Isso, meus caros, em um país de onde vieram figuras como Sérgio Vieira de Mello (Líder da ONU que morreu em um atentado em Bagdá), Carlos Ghosn (que salvou a Renault-Nissan da falência de modo genial) e Guilherme Leal (que fundou uma das empresas que inventaram no Brasil o conceito de sustentabilidade).

   Claro que saber como falar pra convencer os outros a comprar ações de empresas que custam a sair do papel deve ser muito melhor que tudo isso né? Isso mostra, em última instância, um pouco de como funciona a moral Brasileira (que vive criticando somente *os políticos* por serem corruptos, sem olhar pro próprio umbigo).

  Não são somente nossos políticos que são corruptos. Somos nós. O Jovem brasileiro reclama da corrupção, mas ele é deveras corrupto também. Se tivesse a chance de se beneficiar de utilizar um cargo público em benefício próprio de maneira moralmente questionável, aaaahhh ele, em geral, o faria!




domingo, 12 de agosto de 2012

Contas de Padeiro sobre o Desempenho Olímpico Brasileiro

     Desde que me conheço por gente, ouço a cada 4 anos algumas velhas frases pós-olímpiadas do Brasil, sempre recorrentes (Exceto após Atenas-2004, que foi um lampejo de bom desempenho brasileiro isolado).

- Agora é pensar no futuro, precisamos de mais investimento no esporte para ter um volume maior de medalhas.
- Não temos investimento, então bola pra frente para a próxima olímpiada.
- Os outros países investem muito mais em esporte, por isso estão à frente no quadro de medalhas.

   Porém quantas destas pessoas que reclamam disso de fato procuraram números sobre o investimento brasileiro em esporte? Foram 2 Bilhões de reais investidos nos esportes olímpicos tendo em vista Londres 2012. Isso sem contar o que foi investido pelas confederações de cada esporte. Isso de fato não é pouco. (Embora também não seja um volume gigantesco ou talvez até mesmo suficiente para um desempenho à altura do nosso tamanho).

   Mas o problema é: COMO FOI DISTRIBUIDO esse volume de dinheiro?

  Os esportes olímpicos que mais recebem recursos no país são o Futebol e Volêi.

  Nas Olímpiadas, esses 2 esportes distribuem 4 medalhas de ouro (se consideramos o vôlei de praia, 6).

  No quadro de medalhas de Londres 2012 (e nas olímpiadas anteriores), alguns países muito menores, tanto economicamente quanto em outras esferas, tiveram um número de medalhas muito maior que o Brasil. Alguns exemplos:

  9a Lugar: Hungria, 8 medalhas de ouro, 17 de ouro no total.
  12a Lugar: Cazaquistão, 7 medalhas de ouro, com 13 no total.
  17a Lugar: Irã, com 4 medalhas de ouro e 12 no total.
  18a Lugar: Jamaica, com 4 medalhas de ouro e 12 no total.
  19a Lugar: Republica Checa, com 4 medalhas de ouro e 10 no total.


E a pergunta que surge é: Esses países investem MAIS do que o Brasil em esporte? NÃO! Eles investem MELHOR que o Brasil em Esporte!

Enquanto nós gastamos boa parte do dinheiro disponível em 2 esportes que distribuem 6 medalhas de ouro (18 no total), esses outros países fazem o seguinte:

Hungria: Investe boa parte de sua verba em Canoagem e Natação. Os dois esportes distribuem juntos 48 medalhas de ouro (36 da Natação e 12 da Canoagem), ou espantosas 144 medalhas no total. Vale lembrar que a Hungria equivale, em termos populacionais e econômicos, ao estado de Minas Gerais.

Cazaquistão: Os esportes que mais recebem investimentos são o Halterofilismo e o Boxe. O Primeiro distribuir 15 medalhas de ouro (45 no total) e o segundo 13 medalhas de ouro (52 no total, já que cada categoria tem 2 bronzes). O Que dá a esse inóspito ex-pais da URSS um universo de "favoritismo"em 2 modalidades que somadas dão 28 medalhas de ouro ou 97 medalhas no total.

Irã: Investe pesadamente no Wrestling (Que envolve as lutas greco-romana e livre). Sozinho, esse esporte distribui 18 medalhas de ouro ou 54 medalhas no total. Só nesse esporte o Irã ganhou 3 medalhas de ouro em Londres, o mesmo tanto que o Brasil ganhou em TODAS as modalidades.

Jamaica: Ok, esse país tem Usain Bolt. Mas em praticamente todas olímpiadas tem sido uma constanteos super-corredores Jamaicanos (Como Asafa Powell em 2008). Afinal, o esporte nacional (Atletismo de curta distância) deles, distribui 10 medalhas de ouro ou 30 no total.

República Checa: País que investe muito no Remo e Canoagem (Não, não são a mesma coisa). Juntos, esses 2 esportes distribuem 26 medalhas de ouro ou 78 no total. Se não fossem as medalhas conquistadas nesses esportes, certamente a República Checa, que tem uma população MENOR que a cidade de São Paulo, não ficaria na frente do Brasil.


Ou seja: Dinheiro nós já investimos (embora, repetindo, não seja algo que possa ser definido como um grande investimento para um projeto olímpico). Só falta investir melhor e em esportes mais intensivos de medalha. Se é que esse vai ser nosso foco para o Rio 2016.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

The Swan Song - Schubert, Merton e a Dívida Européia

     A última obra do músico alemão Franz Schubert é conhecida como "A Canção do Cisne", pois, tal qual a lenda (negada por Plínio já na Roma Antiga) que diz que antes da morte, o Cisne Branco canta sua única e última canção, padecendo logo em seguida, Schubert também a divulgou pouco antes de sua morte.

     Esta semana, li um report divulgado pelo jornal francês Le Figaro (recomendadíssimo, por sinal), chamado "Regards européens sur la crise de la dette", onde são divulgadas várias pesquisas populares sobre o que a população desses países acham, atualmente, sobre o futuro de suas economias e sobre qual estágio se encontram na crise (se vai melhorar, piorar ou ficar na mesma no futuro próximo). Caso queiram ver, está no link: http://www.lefigaro.fr/assets/pdf/Ifop-Fiducial-Figaro-europecrise.pdf.

      Na página 6 é possível ver a evolução da opinião dos pesquisados ao longo dos últimos semestres, e se torna nítido o crescimento do pessimismo em todos os 3 países (França, Alemanha e Itália). Em Novembro de 2009, 22% dos franceses acreditavam em uma melhora da crise. Hoje, esse percentual é de apenas 9%. O resultado da pesquisa na Itália e Alemanha também mostra uma piora semelhante. 

    Muitos podem questionar o que realmente importa para a economia a opinião de pessoas como estudantes, professores de ensino fundamental ou donas de casa. Oras, eles são os consumidores! Em última instância, são essas pessoas, que movem uma economia de trocas, que podem empurrar morro abaixo a bola de neve de uma crise.

     Robert Merton, um dos mais importantes sociólogos do século XX cunhou o termo "profecia auto-realizável", para explicar como as corridas aos bancos, em momentos de grande incerteza onde a população começa a entrar em uma histeria de saques de suas contas correntes (ao pensarem que seus bancos podem estar com a saúde comprometida), pode desencadear uma crise de facto (que até então não existia ou estava em proporções muito menores) ao diminuir a liquidez do sistema financeiro, restringir o crédito e assim diminuir os recursos disponíveis para o setor produtivo se sustentar. E, fazendo assim surgir um problema REAL.

    A situação atual não se trata de uma corrida aos bancos (ainda?), mas também pode ser usado o termo criado por Merton. A Incerteza mostrada no artigo do Le Figaro pode, em algum momento (se é que isto já não está acontecendo), ocasionar uma sensação nos consumidores de que é melhor neste momento poupar dinheiro ao invés de gastar. E assim, a indústria e o comércio passam a sofrer com a falta de recursos, tendo de reduzir a produção, fechar fábricas, gerando desemprego. Eis que então, talvez, possamos ter um problema real.

    O Pessimismo da população, nesse caso, é uma triste e alarmante canção do cisne.




sábado, 28 de janeiro de 2012

Para onde vai o dinheiro dos seus impostos?




Existem 3 grandes categorias de impostos:

- Federais (Imposto de Renda, IOF, IPI, Cide, etc)

- Estaduais (IPVA, ICMS, etc)

- Municipais (IPTU, ISS, etc.)

Os estaduais vão para o governo do seu estado, e os municipais vão para a prefeitura de sua cidade. Até ai, tudo muito óbvio.

Mas e os impostos federais (que formam um volume de dinheiro faraônico, já que o Imposto de Renda é o principal imposto do país), para onde vão?

Basicamente eles vão para a União, que nada mais é do que o governo federal (lá em Brasilía), que redistribui da maneira que entende entre os estados.

Então você, no estado X, quando paga seu imposto de renda, na verdade passa um dinheiro pro governo federal que pode ir pra QUALQUER lugar do país. E para onde costuma ir?

O Quadro abaixo mostra o quanto o governo federal retira de cada estado na forma de impostos e o quanto ele devolve para cada um, tendo na ultima coluna o saldo (se negativo, esse estado recebe mais dinheiro do que paga ao governo. Se positivo, esse estado paga mais do que recebe ao governo federal.)



A Partir do quadro acima, é possível cada um tirar suas próprias conclusões sobre quais estados mais perden dinheiro na forma de impostos recolhidos pela presidência.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Os 10 Posts mais lidos da História do Blog



Depois de 2 anos escrevendo aqui, decidi resgatar os 10 posts que mais receberam acessos individuais na história do Blog. Embora o blog exista desde 2010, a maioria deles são posts recentes (7 são de 2011 e 1 de 2012), o que mostra o crescimento do número de visitas.

Segue ranking!

10a Lugar: Percepção de valor do dinheiro por uma criança (OU por um ministro grego) , com 152 acessos.

9a Lugar: Twitters de Grandes Investidores e Gestores de Fundos , com 153 acessos.

8a Lugar: Curso mais Adequado para quem quer trabalhar no Mercado Financeiro , com 207 acessos.

7a Lugar: E a TV te ensina como a perder dinheiro. , com 228 acessos.

6a Lugar: Por que não votarmos pra presidente da Sabesp também? , com 294 acessos.

5a Lugar: Por que ser tão clichê? , 301 acessos.

4a Lugar: Bingo do Analista , 431 acessos.

E agora, o top 3:

3a Lugar: Saiba um pouco mais sobre a nova presidente da Petrobrás , com 457 acessos

2a Lugar: Alcool: Como chegamos ao ponto que chegamos , tendo 1322 acessos.

1a Lugar: A Cara do Brasil , com 1462 acessos.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Saiba um pouco mais sobre a nova presidente da Petrobrás

Como já noticiado por algumas fontes, em breve a maior estatal do Brasil e uma das duas maiores empresas do país irá trocar de Presidente, saindo do cargo o professor José Sérgio Gabrielli.

De acordo com o líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Teixeira, quem irá assumir o cargo será Maria das Graças Foster.







Conheça um pouco mais sobre ela abaixo:

MARIA DAS GRAÇAS FOSTER = funcionária de carreira da Petrobrás e bastante próxima de DIlma, trabalharam juntas quando Dilma era secretária de Energia do Rio Grande do Sul. As duas cuidaram do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) – negócio que envolveu BP e Shell. Casada com Colin Vaughan Foster.

E quem seria Colin Vaughan Foster?


COLIN VAUGHAN FOSTER
= marido da MARIA DAS GRAÇAS FOSTER, dono da C Foster Serviços e Equipamentos, empresário que já recebeu 614 milhões de Reais em 43 contratos com a Petrobrás.


"...Empresário que já recebeu 614 Milhões de Reais em 43 contratos com a Petrobrás".

E agora com a empresa na mão da esposa, vai receber mais quanto?

Interessante, não? Conflitos de interesse, o que é isso mesmo?

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

PARTE 2 - Quais indicadores fundamentalistas e de mercado mais importam


Encerrando a postagem anterior (com um pequeno atraso) sobre as pesquisas de Haugen, Baker, Rostagno e Kloeckner sobre quais indicadores fundamentalistas mais importam, usarei essa postagem final para mostrar os resultados que obtive em minha pesquisa (para a conclusão do meu curso na USP).

Trabalhei com a seguinte amostra:

* 60 ações de 60 empresas diferentes que tiveram maior liquidez (volume de negociação) média nos últimos 10 anos.

* 18 diferentes setores da economia.

* Período de 120 meses analisados (o que resultou em um total de 120 regressões), de 2001 a 2010.

* 19 indicadores fundamentalistas e de mercado analisados.

* Nestas 120 regressões foram analisados 141360 pontos de dados.


Como é possível ver pelos dados acima, procurei trabalhar com um espaço amostral bastante grande quando comparado aos outros estudos (de fato, é o estudo com maior amostra já feita no Brasil utilizando essa abordagem, o que me valeu várias noites em claro).

Meu objetivo com uma amostra e um período tão grande foi obter um elevado grau de confiança estatística das conclusões que eu viesse a obter.

E quais foram estas conclusões, obtidas por meio das ferraentas estatísticas (regressões cross-section e testes t de student)?

1 - Os 19 fatores que foram abordados no estudo são responsaveis por 68,5% da variação de uma ação (Valor do R-Squared). Esse é o maior valor já obtido por um estudo com essa abordagem no Brasil, sendo superior a do trabalho de Rostagno.

2 - São 7 os fatores que tem um impacto significativo no retorno das ações. Abaixo eles estão por ordem de importância (significância estatística):

a) Volatilidade da Ação: Tem um payoff de 0,246 positivo. Volatilidades altas, portanto, favorecem maiores retornos. (Ok, isso pode parecer óbvio, mas pelo menos esse resultado específico serviu para corroborar o óbvio).

b) Dividend Yield: O Famoso indicador ficou no posto de segundo mais importante entre os 19 analisados, e tem um payoff positivo de 0.080. Ou Seja, ser bom pagador de dividendos no brasil favorece maiores retornos.

c) Margem de Lucro Líquido: Payoff positivo de 0.114. Uma margem de lucro líquido elevada da empresa ajuda os retornos da ação desta à serem maiores no trimestre seguinte. (Ok, isto também pode parecer óbvio... Mas continue vendo os outros resultados que estes não o serão tanto)

d) Preço da Ação: Payoff positivo de 0.070. Este resultado mostra que ações com valores de lote altos (exemplo: AMBV4) tendem a possuir retornos favoráveis em relação às penny stocks (aquelas ações que custam centavos). Talvez isso seja facilmente explicado pelo fato que, no Brasil, ações de centavos geralmente são de empresas moribundas.

e) Volume de Negociação divido pela Capitalização de Mercado: Esse indicador, não muito popular no Brasil, apresentou uma forte influência sobre o retorno das ações, com um payoff negativo de -0.072. Ou Seja, ações de empresas pequenas e com alto volume de negócios (tipo aqueles micos especulativos) tenderão a performar PIOR do que ações de empresas grandes e com baixo volume de negócios.

f) Retorno Excessivo sobre o Ibovespa nos últimos 6 meses: Payoff positivo de 0.125. Ações que tiveram nos 6 meses anteriores um retorno superior ao ibovespa, no mês seguinte apresentaram retornos superiores à média. Isso vai ao encontro do que Haugen definiu como "inércia" dos 6 meses.

g) Retorno Excessivo sobre o Ibovespa nos últimos 3 meses: Payoff negativo de -0.173. Ações que tiveram nos 3 meses anteriores um retorno superior ao ibovespa, no mês seguinte apresentaram retornos inferiores à média. Esse resultado é o mesmo encontrado por outros autores e definido como "reversão" em relação ao trimestre anterior.


E após a demonstração destes 7 indicadores, que se mostraram relevantes na influência no retorno das ações, a pergunta que surge é: e os outros 12 que você estudou?

Simples: os outros (PL, PVPA, Endividamento, Retorno do Ativo, Retorno sobre o Patrimônio, etc) não apresentaram significância estatística de seu impacto sobre os retornos. Falando de maneira simples: Não foi encontrada influência dos outros 12 indicadores no retorno das ações no mercado brasileiro.

Com os resultados obtidos neste trabalho, podemos "delinear" o que seria a ação perfeita: - Uma ação volátil, com um valor de lote caro (não dá para comprar com pouco dinheiro), de uma empresa grande e/ou não muito negociada em bolsa, com uma margem de lucro líquido elevada, que distribua elevados dividendos, e que nos últimos 3 meses tenha valorizado menos que o Ibovespa, embora nos últimos 6 meses tenha tido uma valorização elevada.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O Que realmente importa em indicadores fundamentalistas?

Primeiramente, Feliz Ano Novo para todos!

Começo o ano com uma das postagens que estava esperando a tempos para publicar mas decidi aguardar em razão de deixar ela para inaugurar esse ano no Blog.

Ano passado entreguei meu trabalho na USP, depois de mais de 120 horas de pesquisa. E o tema foi, de forma simplificada, quais fatores realmente exercem influência sobre os retornos das ações no Ibovespa, tomando como espaço amostral os últimos 5 anos.

No exterior, o pioneiro nesse tipo de modelagem foi Robert Haugen, professor da Universidade do Illinois, que em um artigo no Journal of Financial Economics trouxe ao mundo um tipo de modelo chamado "Modelo de Fator de Retorno Esperado". Esse modelo basicamente consiste na montagem de portfólio levando em consideração tanto o grau em que dezenas de fatores (fundamentalistas, de mercado, etc) afetam uma ação como a exposição que essa ação possui à cada um dos fatores.

No Brasil, os primeiros a aplicarem o modelo de Haugen ao Ibovespa foram Luciano Rostagno e Gilberto Kloeckner, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Eles estudaram como 17 fatores afetaram70 ações durante os anos de 1995 a 1999. Alguns dos fatores estudados por eles foram:

  • Beta de Mercado
  • Capitalização de Mercado
  • Lucro / Preço
  • Dividendos / Preço
  • Retorno sobre o Patrimônio
  • Excesso de Retorno sobre o Ibovespa no Mês anterior


O que Rostagno e Kloeckner descobriram, por meio de ferramentas estatísticas e econométrias foi que carteiras de ações criadas levando em conta determinados fatores tinham um desempenho muito superior à carteiras criadas usando modelos mais comuns (E bastante ultrapassados) no mercado, como o APT.


No trabalho de Rostagno os 5 fatores que ele descobriu que mais afetam as ações no mercado brasileiro são, por ordem de importância:

  1. Capitalização de Mercado (Relação positiva, ou seja,maior capitalização tende a apresentar maiores retornos)
  2. Dividendos / Preço (Relação Negativa, empresas pagando altos dividendos possuem menor retorno, isso já levando em consideração ajustes-ex)
  3. Tendência do Volume de Negociação (Relação negativa. Empresas cujo volume de negócios vem aumentando tendem a apresentar retornos reduzidos.)
  4. Relação Fluxo de Caixa / Preço (Relação Negativa)
  5. Tendência dos Dividendos / Preço (Relação Positiva. Analisando conjuntamente com o fator 2, dá para afirmar que empresas que pagam poucos dividendos mas aumentam a quantidade paga gradativamente apresentam maiores retornos)


Agora falando da minha pesquisa:

Eu basicamente tentei fazer o que Rostagno e Kloeckner fizeram no que tangia a analisar quais fatores importam e o que eles afetam na hora de montar uma carteira de ações.

Porém procurei atingir uma significância estatística (precisão dos resultados) maior ainda, trabalhando com um espaço amostral de 10 anos (2001 a 2010) ao invés de 5 e com um tamanho de amostra razoável e diversificado (60 ações de 18 diferentes setores).

Alguns dos resultados que consegui foram semelhantes ao de Rostagno e Kloeckner. Outros, foram diferentes, e talvés até surpreendentes.


Estes, exporei na minha próxima postagem! E novamente, Feliz 2012!