terça-feira, 23 de novembro de 2010

Por quê sempre busca-se justificativas pra altas e baixas?

No meu trabalho como operador de ações, chega a ser engraçado notar, com o tempo, a surpresa das pessoas quando, ao perguntarem o porquê de naquele dia a bolsa subir ou cair 2%.

Quem já leu o livro “A Lógica do Cisne Negro” (que novamente eu recomendo, obviamente com leitura crítica aos pontos onde o autor é um pouco mais extremo) deve lembrar da passagem onde ele cita um caso onde pela manhã se justifica uma queda na bolsa pela incerteza sobre o futuro do Iraque com a captura de Saddam Hussein. A Tarde, quando a bolsa virou e começou a subir, justificaram a alta pelo mesmo fato (captura de Saddam Hussein).

Taleb dá o nome a isso de falácia narrativa, que é a necessidade do ser humano de buscar histórias (ou estórias) que possam justificar aquilo que muitas vezes é apenas aleatório. Temos uma dificuldade MUITO grande em aceitar o aleatório. Logo, busca-se qualquer historinha, qualquer fato, mesmo de baixa relevância, e imputa-se a ele a “culpa” pela baixa ou alta da bolsa no dia X.

E qual o rigor científico dessas justificativas? Quem garante que se o presidente do Banco central não falasse X ou se o dado divulgado fosse Y ao invés de Z, o mercado não iria subir (ou cair) mais ainda?

Ninguém. Mas ainda assim o ser humano insiste em procurar justificativas para quaisquer movimentos

Vejam, é perfeitamente razoável atribuir uma queda de 20% no valor das ações da Positivo à um balanço ruim da mesma. Agora, querer justificar uma queda de 2% da bolsa em razão de um simples pronunciamento semanal, é forçar a barra. 2% está dentro daquilo que a bolsa pode (e costuma) oscilar randomicamente, ou seja, aleatoriamente, sem necessidade de justificativas.

Para aqueles que ligam em dias cuja aleatoriedade faz a bolsa oscilar, mas mesmo assim precisam de um motivo, a saída é simples. Apenas Respondo: “Está sendo uma realização (ou uma alta) técnica, sem maiores motivos.”

O Que, diga-se de passagem, não costuma ser errado, devido à amplitude da resposta.

E assim sacio a necessidade humana por justificativas para aquilo que pode acontecer sem nada que os justifique.