sexta-feira, 28 de outubro de 2011

As Companhias Aéreas mais Seguras do Mundo

A Revista Aero International, no começo deste ano, analisou os acidentes ocorridos nos últimos 30 anos, criou um índice ponderando com o número de voos de cada uma e rankeou 60 das maiores empresas aéreas do mundo.


Entre as mais seguras, com um índice de 0 (Sem acidentes desde 1980) ficaram empresas como Qantas, Air New Zealand, Finnair, TAP e algumas outras.


A Maior parte das empresas no topo do ranking são de países desenvolvidos, como podem ver acima (A Qantas é Australiana, Air New Zealand é Neozelandesa, Finnair é da Finlândia, e assim por diante).


Na parte de baixo, prevaleceram empresas de países emergentes ou em desenvolvimento (E que provavelmente possuem regras e fiscalização de segurança mais brandas), como Thai International Airways (Tailândia), Garuda Indonesia (Indonesia), Turkish Airlines (Turquia) e....


TAN TAN TAN

Gol e Tam. E Olha que foram posições de alto destaque, pior que todas as que eu citei anteriormente:

Gol ficou em antepenúltimo (58a lugar) e TAM em último (60a posição).

Mas sabemos que não dá pra responsabilizar somente as empresas pelos vários acidentes que ocorreram com as duas nas ultimas décadas.

A Infraero, por exemplo, com sua péssima administração dos aeroportos, tem uma boa parte de culpa no cartório.

Para quem quiser ver a tabela completa e maior, está disponível em: http://img407.imageshack.us/img407/4747/empresasareasmaisperigo.jpg

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Hot-dog de 69 dólares está lá para que você pague 20 dólares no Hamburguer

A Postagem abaixo, foi baseada em um artigo de outro blog, disponível em http://priceless-the-book.blogspot.com/2010/08/anchoring-is-back-meet-69-hot-dog.html




Em Nova Iorque há um restaurante chamado serendipity 3, em East Side, bastante famoso entre turistas que querem almoçar próximo de algumas celebridas que as vezes aparecem por lá. Recentemente, eles adicionaram em seu menu um novo item: um cachorro-quente que custa $69 dólares.

O Hotdog tenta justificar seu preço com algumas iguarias: ele tem entre seus recheios foie gras com trufas negras, tomates heirloom (se alguém souber o que são esses tomates, me explique por favor), mostarda de Dijon, entre outros.

Mas mais do que criar um novo prato para o menu (com uma combinação de ingredientes bem questionável entre os entendidos de culinária, diga-se de passagem, como foie gras e salsicha), o chef que fez este prato estava pensando em outras 2 importantes coisas:

1 - A Publicidade gratuíta que um sanduíche como este atraíria. De fato, a sua inclusão no menu fez com que o restaurante ganhasse várias páginas de jornais e revistas e até a inclusão no Guiness Book por possuir o cachorro-quente mais caro do mundo. Certamente alguém no mundo (de bom-senso duvidável) iria gostar de pedir algo em um restaurante que tivesse um título kitsch como este.

2 - Alavancagem da percepção do nível de "preço-justo", um fenômeno cognitivo descoberto pelos psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky (os quais recomendo a leitura da obra fortemente).

Embora nós tenhamos pré-definições de quanto valem certas coisas, nós somos influenciados por outros números que observamos.

Imagine um casal que chega a este restaurante. Ao chegarem ao local, eles tentam estimar o quanto é razoável gastar nele. Muito provavelmente não vão comprar o cachorro quente de 69 dólares por este ser muito mais caro do que julgam razoável e podem pagar, porém após ver algo tão caro, ficam felizes ao ver que existe também lá um Cheeseburguer que custa somente $17,95.

O Valor do hotdog faz o preço do cheeseburger parecer razoável comparativamente, embora qualquer pessoa com cérebro saiba que esse é um valor rídiculamente alto à se pagar em praticamente qualquer outro lugar do mundo.

Essa estratégia corrobora a idéia de que o contraste de preços afeta o processo de decisão. E isso é algo bastante utilizado por restauranteurs no mundo todo.

O Serendipity 3 também possui um sundae de chocolate que custa $1000, e que deve ser encomendado com 48 horas de antecedência. É outro claro caso de alavancagem, para convencer os desavisados turistas que $22,50 por uma fatia de bolo de queijo não é algo caro. O restaurante, ao adicionar isso ao menu, deseja apenas os 2 pontos citados acima. Eles não querem ganhar vendendo o sorvete, até porque sabem que algum bilionário no mundo planeje tomar um sundae com 2 dias de antecedência.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

E a TV te ensina como a perder dinheiro.

O SBT recentemente exibiu uma reportagem com uma figura que, conforme exibido pelos jornalistas daquela emissora, provavelmente irá fazer os maiores hedge-fund managers do mundo passarem inveja em pouco tempo.

A Personagem em questão é Dona Helena, uma dona de casa que depositou todas as economias (!!!) da família na Bolsa de Valores (30 Mil Reais) e após perder 46% do patrimônio (14 mil reais), fez um curso rápido e agora ganha em média 5 mil reais por mês na Bolsa! No gigantesco período deeeeeeee.... 2 meses.

Isso mesmo: A Reportagem procura transformar em mito uma senhora que até hoje não recuperou o patrimônio inicial investido e que ganhou percentuais elevados em 2 meses, o que não diz absolutamente nada, já que é um tempo muito pequeno para se avaliar algo.

Fico imaginando o quantidade de pessoas pouco informadas que ao verem um vídeo

Listo abaixo alguns erros e desinformações grotescas da reportagem:

1 - A Dona Helena diz que no começo tirava 2 mil reais por mês da bolsa. A Bolsa de valores não serve e nunca serviu para obtenção de renda mensal, ainda mais para quantidades pequenas. Como o retorno não é constante, muitos iniciantes caem no erro de, quando ganham, retiram o lucro, e quando perdem (e isso vai acontecer), vêem seu capital ser reduzido, perdem sua "fonte de renda" e ainda tem sua capacidade de recuperar o investimento destruida. A Bolsa, ao invés de fonte de renda mensal, deve ser tratada como investimento de longo prazo para construção de patrimônio.

2 - A Dona Helena fica o dia todo no escritório da corretora, fazendo operações. Mas pera aê, com 30 Mil reais? Com um montante destes, e fazendo um número excesso de operações, provavelmente ela paga um volume considerável em taxas de corretagem (alguém ai já pensou na possibilidade da corretora dela criar aquela sala justamente para a cliente se destruir pagando todos estes custos com o excesso de operações?). Enquanto se está ganhando alguma coisa, ela possivelmente ignora, erroneamente, estes custos. Porém quando perder - e ela já perdeu uma vez- ela irá ver o quanto que o número excessivo de operações foi danoso para o patrimônio dela (e lucrativo para a corretora, que ganha as corretagens mesmo com ela perdendo, o que também não é injusto).

3 - Se a Dona Helena, nestes 2 meses que a transformaram em "mito", ganhou 5 mil reais por mês com os 16 mil que haviam sobrado dos 30 mil reais dela, ela, mesmo que não tenha resgatado nada, ainda não recuperou o montante inicial, pois tem agora 26 mil reais. Como o SBT pode afirmar que ela está se dando muito bem assim?

4 - E a reportagem dá a entender que esse ganho de 5 mil reais por mês com apenas 16 mil reais é algo que qualquer um pode ganhar quando quiser. Oras, isso representa uma rentabilidade de 31,25% ao mês. Os maiores gestores de fundos de hedge do mundo (John Paulson, Simmons, George Soros, etc) tem uma rentabilidade média (não ao longo dos últimos 2 meses, mas sim ao longo das últimas décadas) de algo em torno de 3% ao mês. A Dona Helena seria mais de 10 vezes melhor que esses homens que ganham bilhões para gerir fortunas.

Só que eu chuto que a Dona Helena, para ganhar tanto em tão pouco tempo, provavelmente cometeu o erro que muitos que apresentam perdas na Bolsa de Valores fazem: Alavancam de maneira estúpida ou passam a usar derivativos (como opções) de maneira irresponsável. Se você tiver sorte, pode ganhar bastante. Mas no primeiro momento que a sorte acabar, você PERDE TUDO. GAME OVER. E uma hora a sorte acaba.

E Claro que estas operações são incentivadas por alguns destes assessores financeiros (não me refiro aos que são apresentados na reportagem, que na verdade são de uma corretora, porque não os conheco) que pipocam no mercado. Alguns sim dão boas informações, porém para outros vale ficar com o pé atrás.

Até porque ninguém vai chamar a TV para filmar os vários que quebram e perdem todas suas economias brincando com instrumentos de risco no mercado de capitais diariamente. E caso isso aconteça com Dona Helena (espero que não), provavelmente ninguém vai lembrar também.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A Diferença entre um Climatologista e um Profissional do Mercado de Capitais

Quando os climatologistas do IPCC (Painel de pesquisa da ONU sobre mudanças climáticas) falam sobre mudanças climáticas, eles sempre utilizam expressões como "improvável", "provável" ou "bastante provável".

Essas são as mesmas expressões que você sempre vê aquele analista de mercado ou o seu corretor de ações falarem, certo?

Porém o que poucos percebem é que existe uma diferença significante entre o que é considerado "provável" para um climatologista e para um analista de sell-side, broker ou alguém que precisa convencer outrém.

Abaixo fiz uma tabela que compara a escala de probabilidade das palavras para um cientista do IPCC (tirado de http://www.ipcc.ch/pdf/supporting-material/uncertainty-guidance-note.pdf) e para um ser do mercado financeiro (tirado das minhas observações de N! relatórios e entrevistas de "entendidos" do mercado):












Agora é só lembrar disto quando um dia você estiver descendo a serra para ir
pra praia com seu amigo broker e ele disser que é praticamente certo que os freios
do carro estão Ok.

Porque tanto o climatologista quanto o profissional de ações lidam com algo com
MUITA incerteza... Porém pelo que observei até hoje, estes últimos costumam
subestimar um pouco o quão incertas são as coisas.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sem Explicações tão rápidas.. E olha só o PMI da zona do Euro

Em uma coluna publicada em julho pelo quase-sempre brilhante Stephen Kanitz, um trecho me chamou bastante atenção:

"O ser humano quer ter uma explicação rápida aos fenômenos que não entendem.

Ninguém quer ficar na dúvida, todos nós precisamos avaliar rapidamente situações 'estranhas'."

Kanitz escreveu esse trecho ao falar sobre o simplismo das respostas que o jornalismo econômico busca fornecer para os complexos problemas financeiros existentes.

Frases como "Tudo isso está acontecendo por causa de X" ou então "A solução para isto é somente fazer Y" quase sempre são produtos de uma simplificação exagera e patética da intrincada situação dos mercados mundiais.


A última modinha é falar que "A Culpa é de Wall Street". Quer coisa mais vaga e obtusa do que isto? A Culpa é de quem? Dos banqueiros? Dos corretores? Dos moradores da rua Wall ou dos encanadores dos prédios que ficam lá?

O Homem não gosta de ficar em dúvida. Porém neste caso, ficar em dúvida e refutar justificativas simples ajuda a pensar melhor no assunto.


O gráfico acima mostra a evolução do PMI da zona do Euro (Indicador do ambiente de negócios feito pela consultoria global Markit e bastante acompanhado pelas instituições financeiras) e compara com o PIB da mesma região. Este índice costuma antecipar, de certa forma, a evolução do produto interno bruto dos países, como é possível constatar também pelo gráfico.

Na última semana foi divulgado o PMI da Eurozone no último trimestre, apresentando uma queda vertiginosa e tão acentuada quanto as ocorridas durante a crise de 2008.

O Que nos espera para as próximas divulgações de PIB? Acredito que se manter muito otimista em um cenário como este é pedir pra ser pego de calças curtas (ou até mesmo sem calças).

Só sei que aos poucos, as respostas e soluções simplistas vão caindo por terra conforme até mesmo os jornalistas passam a perceber que o problema é bem, bem mais complexo do que parece ser quando visto superficialmente.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Percepção de valor do dinheiro por uma criança (OU por um ministro grego).


Quando criança (lá pelos menos 7 anos), quando ainda morava em Bebedouro, meus pais as vezes traziam eu e minha irmã para passear aos domingos aqui em Ribeirão Preto. No Ribeirão Shopping havia um parque de brinquedos semi-eletrônicos (substituídos depois por esses eletrônicos modernos) chamado "Divertilândia".

Um dos preferidos de mim e da minha irmã era um que era uma mesa com alguns buracos, e algumas "baratas" saiam de dentro desse buraco, e você tinha que acertá-las com a mão (ou sei lá qual artefato a pessoa quisesse usar).

Quanto mais você acertava as baratas com a mão, mais bilhetes saiam na lateral do brinquedo, que depois poderiam ser trocados por brindes na loja da Divertilândia. O Mesmo valia para o brinquedo em que surgiam alvos e você tinha que acertá-los com uma pistola de água.


Para usar cada brinquedo, se pagava na época algo em torno de 2 reais. A Quantidade de bilhetes emitidos após jogar uma vez, com uma boa perfomance, era o suficiente para trocar por um lápis. Se você jogasse duas vezes, poderia até pegar uma caneta.

Imagino o que meus pais pensavam quando eu ia lá, com todo orgulho, trocar os bilhetes que havia ganhado após jogar 2 vezes (4 reais gastos) por uma caneta que valia 50 centavos...

Mas claro, como eram meus pais que pagavam pra eu jogar no brinquedo, eu não percebia que aquilo era um péssimo negócio (eles nem eram tão divertidos, e davam um cansaço enorme, a gente só jogava mesmo porque achava que "ganhava" algo).

Afinal, quando não é você que paga a conta, qualquer coisa que vier para você é lucro, certo? Você pode agir com a responsabilidade de uma criança se vai ter alguém pra te bancar!!!


Essa historinha acima, à mon avis, serve muito bem para todos aqueles que acham lindo quando Alemanha, França e afins concedem generosos pacotes de ajuda para a galerinha que tá no Serasa (Grécia, Portugal, etc).


Se eles estão na situação que estão, é porque não tiveram muita responsabilidade com o PRÓPRIO dinheiro. Como podem esperar que vão ser ainda mais responsáveis com o dinheiro dos outros?

Certo estão os contribuintes alemães que reclamam dos consecutivos pacotes de dinheiro público (deles) desperdiçados em compras de títulos do governo grego só para ajudar os helênicos.