sábado, 17 de dezembro de 2011

Por que ser tão clichê?


Depois de quase um mês sem postar nada (TCC consumindo a maior parte do meu tempo, mas felizmente valeu a pena. Concluído e indicado pelo orientador para premiação!), resolvi vir hoje aqui compartilhar algo que ainda me deixa pasmo com a falta de senso de algumas pessoas.


Sabe aquelas dinâmicas (e painéis, que no fundo são dinâmicas parte 2) que você participa quando concorre em programas de trainee?

A Maior parte delas coloca como tarefa uma apresentação rápida na frente de todos, onde você vai falar das suas experiências e características em alguns minutos. Até ai nada de anormal.

O Problema é que entre falar as características, você também fala de alguns defeitos. Eis que alguns candidatos, achando que é possível dizer no entrelinhas que eles não tem defeitos, vêm e dizem coisas como:

- Ah, meu principal defeito é ser muito perfeccionista sabe... Eu gosto de tudo certinho, bem arrumado, não descanso enquanto tudo não estiver OK.

ou então...

- Eu sou muito auto-crítico, sabe? Me cobro demais, sempre procuro buscar o melhor de mim, bla bla bla whiskas sachê.


WTF!

Era para você falar seus defeitos! Não para fazer malabarismo linguístico e falar de uma suposta qualidade travestida de defeito que você possivelmente viu em algum manual de "como se dar bem em trainees"!!! (geralmente escrito por um não-trainee que precisava de grana).


Aqueles examinadores que estão ouvindo isso já devem ter, só nesse ano, visto mais de uma centena de candidatos, destes quais vários falaram exatamente os MESMOS clichês citados acima. Para um sujeito que tenta usar um truque batido como este, resta alguma esperança? Tem horas, como esta, que compensa muito mais ser autêntico.

4 comentários:

Renato C disse...

Quando uma fala clichê é verdadeira, isto é, no caso, a pessoa realmente possui aquele defeito, a autenticidade da fala deixa seu aspecto clichê de lado. Assim, vale a pena falar.

O que é interessante perguntar é por que diabos as pessoas são tão monolíticas e possuem sempre os mesmos defeitos!?

Do lado do candidato há um clichê, mas o examinador também é cheio deles em seus critérios técnicos e vazios de significado.

A verdade é que temos sempre que nos reinventar para aparecer bem não só aos outros, como a nós mesmos...

joaojpr disse...

Pior que esses clichês são aqueles discursos prontos, assisti um onde a menina dizia como ela é o melhor exemplo do mundo do que é a "Geração Y" que quase me fez vomitar. E o pior, a menina não desmontava o personagem nem nas conversas entre candidatos, totalmente intragável...

Mas essa questão dos clichês, principalmente na pergunta sobre os defeitos, me perseguiu durante esses meses de processo. O que é pior, apelar para o clichê ou se destacar justamente no quesito "pontos a desenvolver"? É complicado.
Tentando fugir do clichê, resolvi fazer algo diferente nas perguntas da Cargill. Quando perguntaram sobre os pontos desenvolver no questionário da inscrição, escrevi que era muito auto-confiante, que acho que tudo sempre vai dar certo, o que pode fazer eu me descuidar com alguns detalhes e também não ser muito realista. Escrevi também que era muito agitado, e que em tarefas mais repetitivas tendo a perder o foco. Claro que expliquei como eu estou trabalhando para melhorar isso, e tentei mostrar que esses defeitos são "efeitos colaterais" de algumas qualidades. Como tentei responder a todas as respostas da melhor forma possível, quis fazer o mesmo com essa. Blz, fui chamado para a dinâmica, painel, uma entrevista, outra, e na final, com o líder da unidade, o manda-chuva mesmo, ele focou quase toda a entrevista neste e em outros pontos negativos, me deu a impressão que ficamos uma hora falando mal de mim, haha. Cara, respondi essa pergunta em agosto e agora, no final de tudo, ela voltou para me assombrar... Ainda não recebi a resposta se passei ou não, mas acho que se eu pudesse voltar atrás, teria respondido que meus 3 defeitos são a ansiedade, perfeccionismo e ser muito auto-crítico, hehehehe

J. Levi B. de S. disse...

Renato, não acho que as pessoas são monolíticas. Acho sim que boa parte dos candidatos nessas dinâmicas simplesmente caem naquele lugar comum de falar (inventar) defeitos que se confundem com qualidades, para sair bem na foto.

Quanto aos critérios dos examinadores, ai depende de cada um. Não dá para julgar todos, mas via de regras eles são (ou deveriam ser) alinhados com o que a empresa deseja.

Renato C disse...

Olá J. Levi,

Na verdade quando se é clichê assim não se sai em foto nenhuma né, você não se destaca, vira fundo.

Mas eu acho que, por detrás destes defeitos clichês, exista uma dificuldade mesmo das pessoas em reconhecerem seus defeitos, mais do que uma intenção de se dar bem nas entrevistas.

Supondo que as pessoas realmente escondam seus defeitos, seria engraçado uma sátira em que cada um apontasse seus defeitos... uns dizendo que são agressivos, outros chorões, descontrolados, malucos, etc etc etc rsrs