quinta-feira, 19 de maio de 2011

As mortes das revoluções


Deparando-me com a notícia de que a Renault foi condenada pela morte de um funcionário por suicídio, lembrei também da polêmica que envolveu a Foxconn há um ano (que inclusive rendeu um post em nosso blog) e de mais uma série de mortes por stress no trabalho. O tribunal de apelação de Versalhes definiu a pressão que a Renault criou sobre os funcionários como sendo IMPERDOÁVEL.

No final do século XVIII e XIX o mundo capitalista mudou rapidamente as relações de trabalho. Eram a primeira e a segunda revolução industrial. Acontece que a terceira é muito mais complexa do que as duas primeiras... mas tem uma coisa que eu realmente não consigo entender.

Dizem que a tal terceira RI caracterizada pela rev. tecnocientífica, através da alto tecnologia e robótica utiliza cada vez menos mão-de-obra...

Até aí tudo bem...

Mas analisemos os índices de desemprego nos últimos anos... À medida que avançou a Terceira Rev. Industrial, caracterizada pela informatização, a taxa de desemprego diminuiu! No Brasil mesmo 2010 foi a menor taxa nos últimos 10 anos...

O que isso tem a ver com as mortes por stress que eu falei no começo?

A VOCE/SA desse mês tem uma matéria interessantíssima sobre a epidemia workaholic. NUNCA se precisou de tanta gente, NUNCA se trabalhou tanto! Jornadas de 12 horas (eu mesma confesso que passei por isso algumas vezes nos últimos meses), finais de semana...

Até que ponto essa Terceira Revolução exige das máquinas e até que ponto exige do capital humano?

Não... não é o descarte de mão-de-obra mencionado por alguns estudiosos do assunto. Aliás, o que eu vejo é o contrário: a real necessidade do capital humano para a manipulação dessas novas tecnologias que são apenas um monte de bits e chips sem a força não só operadora como também pensante do homem.

Terceira Revolução Industrial já foi, anyway. E a Quarta vem aí, com a nanotecnologia e a genética. Eu particularmente acho que poderíamos chegar a terceira pra um canto, a quarta pro outro e colocar uma outra  no meio das duas: a Rev. Humana. Valorização, reconhecimento. Ponderação. É uma forma lúcida de se pular da revolução da informatização para a revolução da ciência da vida sem as consequências loucas do stress. Aliás, o stress é uma doença moderna, né?

Mas isso já é assunto pra outra hora...