sábado, 6 de fevereiro de 2010

A Tragédia Grega


Não querendo dar uma de Nouriel "Mr. Apocalypse" Roubini [Depois do meu chute que a bolsa vai encerrar o ano em "apenas" 85 Mil Pontos, contra pessoas prevendo até 100K, quase ganho esse apelido], mas é engraçado como no dia-a-dia do mercado vemos as pessoas encarando a turbulência européia atual, que causou a maior queda da nossa bolsa nos ultimos 6 meses, como somente um nervosismo pequeno.
O Lehman Brothers era apenas um banco, apesar do seu tamanho. A Grécia é um país. E me assusta a ignorância de alguns dizendo que a Grécia não afeta em nada o Brasil. Aula de sistemas e Bertalanffy para eles!
O que vemos agora é um problema sistêmico de alta complexidade, afetando em maior magnitude os Helênicos, mas não somente eles como vários outros países do velho mundo. Eles já tem até uma sigla relativamente famosa: PIGS (Portugal, Italy, Greece and Spain).

Agora, vamos ao que interessa:

No mercado existe um derivativo bastante interessante para se medir o quão os investidores acreditam que um país pode quebrar ou não. Ele se chama Credit Default Swap, e é um titulo que serve como uma espécie de seguro contra quebra de países onde um investidor investe. Obviamente, quanto mais caro, maior o risco do país ter uma quebra (default) em relação aos créditos que deve.


Acima, nós vemos a cotação do CDS da Grécia. O que aconteceu nos últimos meses, esse salto na cotação de um seguro cujo preço oscila em razão da própria situação fiscal do país, mostra bastante o quão "suave" [em uma ironia bastante estúpida, admito] é a percepção do investidor sobre a capacidade dos sucessores de Alexandre de honrarem suas dívidas. E ainda me chamam de pessimista?


Acima, nós vemos a cotação de outros 2 CDS: Espanha e Portugal respectivamente. Observa-se que a situação dos dois também não é muito diferente da dos gregos. A Espanha está com o seu risco percebido de calote próximo ao topo alcançado no auge da crise, enquanto Portugal já ultrapassou esse nível com sobras.

E, acreditem: a situação de outros países, como Itália e Irlanda, não é muito diferente.

Será que eu sou realmente o pessimista da história ou será que esse "repique" da crise não vai ser somente um repique?