segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O Que realmente importa em indicadores fundamentalistas?

Primeiramente, Feliz Ano Novo para todos!

Começo o ano com uma das postagens que estava esperando a tempos para publicar mas decidi aguardar em razão de deixar ela para inaugurar esse ano no Blog.

Ano passado entreguei meu trabalho na USP, depois de mais de 120 horas de pesquisa. E o tema foi, de forma simplificada, quais fatores realmente exercem influência sobre os retornos das ações no Ibovespa, tomando como espaço amostral os últimos 5 anos.

No exterior, o pioneiro nesse tipo de modelagem foi Robert Haugen, professor da Universidade do Illinois, que em um artigo no Journal of Financial Economics trouxe ao mundo um tipo de modelo chamado "Modelo de Fator de Retorno Esperado". Esse modelo basicamente consiste na montagem de portfólio levando em consideração tanto o grau em que dezenas de fatores (fundamentalistas, de mercado, etc) afetam uma ação como a exposição que essa ação possui à cada um dos fatores.

No Brasil, os primeiros a aplicarem o modelo de Haugen ao Ibovespa foram Luciano Rostagno e Gilberto Kloeckner, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Eles estudaram como 17 fatores afetaram70 ações durante os anos de 1995 a 1999. Alguns dos fatores estudados por eles foram:

  • Beta de Mercado
  • Capitalização de Mercado
  • Lucro / Preço
  • Dividendos / Preço
  • Retorno sobre o Patrimônio
  • Excesso de Retorno sobre o Ibovespa no Mês anterior


O que Rostagno e Kloeckner descobriram, por meio de ferramentas estatísticas e econométrias foi que carteiras de ações criadas levando em conta determinados fatores tinham um desempenho muito superior à carteiras criadas usando modelos mais comuns (E bastante ultrapassados) no mercado, como o APT.


No trabalho de Rostagno os 5 fatores que ele descobriu que mais afetam as ações no mercado brasileiro são, por ordem de importância:

  1. Capitalização de Mercado (Relação positiva, ou seja,maior capitalização tende a apresentar maiores retornos)
  2. Dividendos / Preço (Relação Negativa, empresas pagando altos dividendos possuem menor retorno, isso já levando em consideração ajustes-ex)
  3. Tendência do Volume de Negociação (Relação negativa. Empresas cujo volume de negócios vem aumentando tendem a apresentar retornos reduzidos.)
  4. Relação Fluxo de Caixa / Preço (Relação Negativa)
  5. Tendência dos Dividendos / Preço (Relação Positiva. Analisando conjuntamente com o fator 2, dá para afirmar que empresas que pagam poucos dividendos mas aumentam a quantidade paga gradativamente apresentam maiores retornos)


Agora falando da minha pesquisa:

Eu basicamente tentei fazer o que Rostagno e Kloeckner fizeram no que tangia a analisar quais fatores importam e o que eles afetam na hora de montar uma carteira de ações.

Porém procurei atingir uma significância estatística (precisão dos resultados) maior ainda, trabalhando com um espaço amostral de 10 anos (2001 a 2010) ao invés de 5 e com um tamanho de amostra razoável e diversificado (60 ações de 18 diferentes setores).

Alguns dos resultados que consegui foram semelhantes ao de Rostagno e Kloeckner. Outros, foram diferentes, e talvés até surpreendentes.


Estes, exporei na minha próxima postagem! E novamente, Feliz 2012!

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