sábado, 22 de dezembro de 2012

Review 1 dos livros que li em 2012 - Outliers (Malcolm Gladwell)

    Decidi esse ano fazer uma retrospectiva diferente (não que talvez eu não faça as tradicionais também!) e falar um pouco dos livros que li esse ano (que infelizmente não foram muitos).

  Adianto que não é por ordem de qualidade, e sim por ordem cronológica.



  O primeiro livro que terminei de ler este ano (porque comecei alguns outros, mas não terminei devido à falta de qualidade) foi talvez aquela que seja a obra prima do escritor Malcolm Gladwell, Outliers - Foras de Série. Autor este que já escreveu vários outros livros de teor sócio-econômico muito interessantes. Mas esse, em minha opinião e de vários outros, provavelmente é o que ele tem de melhor.

   O livro se baseia principalmente em estudar, a fundo e com metodologia científica, algumas características comuns de grandes destaques em diferentes campos, como a música (Mozart), física (Rutherford), informática (Bill Gates), esportes (corredores jamaicanos), entre vários outros.

   Uma das coisas mais interessantes é que várias descobertas fogem totalmente do nosso senso comum do que "faz alguém se destar muito", já que algumas vezes exageramos o papel do talento precoce ou sorte e esquecemos de algumas singularidades que significam muito.

  No Capítulo 1 é citado, por exemplo, o fato que a esmagadora maioria dos jogadores de Hockey da liga americana profissional são nascidos nos primeiros 3 meses do ano do que nos outros 9, num ratio de quase 5 vezes mais quando comparados mês a mês! E a explicação disso que é o mais interessante (embora esteja longe de ser complexa, pelo contrário): O Corte de idade que diferencia os mirims dos infantis e os infantis dos juniores é na virada do ano. 
   E quando você tem apenas 5 ou 6 anos de idade, que é quando se formam as categorias de base do Hockey, uma criança de 5 anos nascido em janeiro está muito mais desenvolvida do que uma nascida em novembro. Logo, mesmo essa criança de novembro sendo MUITO talentosa, ela tem grandes chances de não evoluir e ficar pelo meio do caminho por ter uma desvantagem muito grande no desenvolvimento físico. E isso vai refletir diretamente na liga PROFISSIONAL de Hockey dos EUA, a NHL, que tem em Janeiro, Fevereiro e Março os meses mais frequentes de aniversário de seus jogadores.

   O Capítulo II fala sobre um fator que muitos desconsideram quando imaginam aquele talento nato, que é a quantidade de horas praticando determinada tarefa até chegar à excelência. Muito se fala que Mozart compunha desde criança, mas pouco se fala que a qualidade destas composições eram medíocres. e que ele compôs suas grandes obras após quase 20 anos de composições medianas ou apenas boas. O mesmo vale para Bill Gates, que embora tenha criado o DOS muito cedo, começou a programas (bem) mais cedo do que isso. Em geral, são cerca de 10 mil horas de prática (e o autor abre o cálculo dessas 10 mil horas para cada caso que cita) que levam à excelência. Eu não sou muito fã de regras rígidas, mas esta exposta por Gladwell me pareceu muito bem justificada em seu livro.

  Em outros capítulos, como o 5, ele explica porquê não é uma simples coincidência que grande parte dos grandes advogados de causas contenciosas-financeiras em Nova Iorque sejam judeus ou de ascendência judaica. Isso tem ligação diretamente com alguns fatores, como a criação proporcionada por seus pais, migrantes pobres que se aventuraram no setor têxtil na baixa Manhattan,  ou o fato de eles terem se iniciado, se especializado e investido num ramo que na época era pouco nobre mas que por capricho do destino ganhou enorme importância com a evolução econômica americana.

   Por fim, o epílogo do livro trata dos corredores jamaicanos, e explica, com dados de outros estudos, que muito mais do que uma genética privilegiada, existem outras questões que levam um país tão pequeno como a Jamaica a formar tantos corredores de alto nível. 

    Não só o epílogo como todo o livro é um must-read  para quem deseja uma leitura interessante, leve e com afirmações muito me embasadas que podem ser bastante surpreendentes sobre o que leva os grandes à serem enormes.


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